quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Cultura: oferta e procura


Dizer que a cultura faz parte das prioridades brasileiras é utopia. Mas temos que admitir que muita coisa mudou nos últimos 20 anos. A começar por algumas políticas culturais que foram implantadas.
Percebe-se que há uma preocupação no topo da pirâmide de criar e fazer funcionar equipamentos culturais. Não há dúvida também que a iniciativa privada passou a perceber a mobilização do setor.
A mídia faz releituras da cultura popular de forma mais respeitosa. O bolso furado continua a ser uma realidade, mas a economia cultural enfronhou-se muito bem com a produção de cada região. O artesanato aparece. Vende. Mostra que é bom e autêntico.
O que não aprendemos mesmo foi vender a nossa arte, como fazem outros Estados tão bem. Transformar o setor num produto de exportação. Agregar valor cultural as coisas, gente e manifestações da terra, para cantar ao mundo com todo orgulho. Mostrar o que somos com amor- próprio, sem achar o fruto do vizinho melhor que o nosso.
A cultura precisa se associar. Agregar-se ao turismo ao desenvolvimento de Alagoas enquanto setor produtivo, não simplesmente institucional.
Depois, há também necessidade de uma política única, de mão dupla, entre o governo, artistas e equipamentos culturais. Os atores desse setor precisam falar a mesma língua. Não ser apenas um eco de crítica nem da torcida pelo fracasso de ninguém. Somos afinal do mesmo time. Somos alagoanos.
Não sei se alguém já parou para pensar, mas sempre achamos que somos piores em tudo. Basta qualquer estatística aparecer que no outro dia estamos carregando a peja nos ombros.
Temos as mais belas praias do Brasil. Então alguém aparece e complementa: – Pena que são poluídas! Há até os que, gentilmente, avisa ao turista: – Olhe doutor tome banho aqui não que é poluído. Paisagem linda! É não! É só cana, a mata atlântica foi devastada toda.
Ah! O comércio é muito simpático! Mas não tem nada! O que se procura não acha. É muito fraco! Temos dois Shoppings, mas são pequenos. A segurança é um caos!E assim seguem as depreciações.
Falamos tanto em cultura que imaginamos seja este o nosso maior patrimônio, mas não é. O maior patrimônio de uma nação é a sua gente. Nós, alagoanos precisamos valorizar nossas próprias realizações e ter paixão pela nossa terra.
(*) BENEDITO RAMOS –  É escritor.

2 comentários:

  1. Em relação ao artesanato estar em alta é por conta da arte contemporânea, pode mudar a qualquer hora. A respeito de só valorizar o que não é nosso é cultural ou monetário. Vai lá fora, quando voltar vc beija o nosso chão igual aquele papa. Mas creio que vc já foi lá fora por isso defende nosso Brasil.

    Abraço

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  2. É uma pena existiram tantas e tão belas praias brasileiras tão poluídas, a começar pelas do Rio de Janeiro.

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