sábado, 22 de setembro de 2012

Devaneios do Ranzinza por Roberto Prado: Olhos Amendoados


Roberto Prado colabora com o Folhetim Cultural desde o início de 2011, Devaneios do Ranzinza aos sábados ás 21 horas e o Chá das 5 uma vez ao mês no sábado. Roberto Prado já publicou dois livros pela (CBJE) Câmara Brasileira de Jovens Escritores, Gringas e Outras Histórias está na segunda edição.



Devaneios do Ranzinza sábados 21 horas

Chá das 5 sábados 17 horas




OLHOS AMENDOADOS


Ando sob o sol no centro da cidade
procuro aqueles olhos amendoados
onde eles estão?
não os vejo
eles não me vêem
à minha frente três ciganas
recendendo a alfazema e suor
me deixam mais azedo ainda
onde estão aqueles olhos amendoados?
vou aos cafés
à uptown
nada deles
onde estão seus olhos?
no largo, na bolsa talvez?
penso em passar
naquele labirinto da Conde D’Eu...
mas sei que eles não estão lá
o sol
(fosse eu Mersault seria uma desculpa para matar...)
o sol
era na chuva que eu os tinha
seus olhos amendoados
onde eles estão agora?
a quem eles miram agora?
onde está você
e seus olhos?
sei que não está nas ruas
por onde caminho
nos lugares aonde vou
nos lugares onde estou
minha vida parece um refrão de tom waits
tudo perdido
tudo tão sórdido
solitário
onde estão seus olhos amendoados?
o perfume amargo das ciganas me entorpece
deliro ainda mais
mas nem nos sonhos
teus olhos aparecem
o calor
o calor
não combina com a minha procura
pelos teus olhos amendoados
não
nada combina com a falta
com a ausência de teus olhos amendoados
acendo um cigarro
a primeira tragada
se não me consola, me distrai
por míseros segundos
mas essas ciganas
com seus cheiros
suas cores extravagantes
vendedoras de ilusões
ilusões!
ilusões?
mas tudo o que eu quero
é a realidades de teus olhos amendoados
onde te procurar?
se de alguma forma eu soubesse isso
se alguém pudesse me ajudar
trago meu cigarro
as ciganas mantêm o mesmo passo
não se afastam
não me aproximo
estou preso a elas
assim como preso à procura de teus olhos
fumo
aspiro
expiro
e  na fumaça
elas desaparecem
fica em mim
o azedo da alfazema suada
e teus olhos em minha mente

(que pressinto ser pra sempre)

Roberto Prado

2 comentários:

  1. en ocasiones la mirada dice mas que mil palabras ilusión imaginación sangres razas delirio de poeta tu que describes tantos matices en los volantes que se pierden en el crepúsculo de la imaginación un saludo

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