Consolo
na Praia
Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizaram.
Mas, e o humour?
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizaram.
Mas, e o humour?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.
Por: Carlos Drummond de Andrade
Carlos
Drummond de Andrade, nascido em Minas Gerais no ano de 1902, foi um dos maiores
poetas brasileiros do século XX. Em 1921
começou a publicar artigos no Diário de Minas. Em 1922 ganha um prêmio de 50
mil réis, no Concurso da Novela Mineira, com o conto "Joaquim do
Telhado". Em 1923 matricula-se no curso de Farmácia da Escola de
Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte. Em 1925 conclui o curso. Nesse mesmo
ano casa-se com Dolores Dutra de Morais. Funda "A Revista", veículo
do Modernismo Mineiro.
Drummond leciona português e
Geografia em Itabira, mas a vida no interior não lhe agrada. Volta para Belo
Horizonte, emprega-se como redator no Diário de Minas. Em 1928 publica "No
Meio do Caminho", na Revista de Antropofagia de São Paulo, provocando um
escândalo, com a crítica da imprensa. Diziam que aquilo não era poesia e sim
uma provocação, pela repetição do poema. Como também pelo uso de "tinha
uma pedra" em lugar de "havia uma pedra".
Em 1930 publica o volume
"Alguma Poesia", abrindo o livro com o "Poema de Sete
Faces", que se tornaria um dos seus poemas mais conhecidos: "Mundo
mundo vasto mundo se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma
solução". Faz parte do livro também, o polêmico "No Meio do
Caminho", "Cidadezinha Qualquer" e Quadrilha".
A poesia de Carlos Drummond de
Andrade era facilmente entendida e captada pelo grande público, o que o tornou
poeta popular, o que não quer dizer que seus poemas fossem superficiais.
Carlos Drummond de Andrade
morreu no Rio de Janeiro, no dia 17 de agosto de 1987, doze dias depois do falecimento
de sua filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade.
Produção Dhyne Paiva
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