Na edição de Outubro especial de aniversário de 15 anos a revista Bravo
da Editora Abril, pediu para especialistas falarem sobre os 15 fatos mais
relevantes da cultura brasileira nos últimos 15 anos. Segundo a revista o fato
mais relevante de número 1 foi o florescimento da escrita causada com o impacto
da tecnologia.
Concorda com isso e por quê?
Concordo sim. As novas tecnologias
estão motivando as pessoas a escreverem muito. Quando já se tinha perdido o
hábito de escrever cartas, as pessoas agora escrevem e-mails. Escritores que se
intimidavam com o contato com editoras agora criam seus blogs e depois lançam
seus livros impressos. O Facebook estimulou o contato por escrito entre as
pessoas. Hoje se escreve muito mais do que há dez anos.
Como você avalia o trabalho realizado na educação (pelo Governo Federal)
nos últimos 20 anos?
Houve essa democratização, há um esforço para
garantir merenda, uniforme, transporte, livro didático, biblioteca escolar,
prédios, quadras esportivas (são inúmeros itens), mas ainda falta muito
para a qualificação contínua dos professores. Trabalhei em um programa de
formação para professores de séries iniciais (Praler), mas ficou na gaveta do
MEC.
Você é a favor da cota racial nas universidades, por quê?
Sou muito a favor. Nossa dívida com os negros
é muito grande. Abolimos a escravidão e os deixamos na miséria. Com o tempo vai
haver igualdade social decorrente dessas chances que estão sendo dadas à
população negra.
Qual seu autor favorito?
Não posso escolher apenas um: amo
Machado de Assis, adoro Graciliano Ramos, Rubem Braga, Guimarães Rosa, Milton
Hatoum, Raduam Nassar, José Lins do Rego, Nelson Rodrigues, Jorge Amado, Lígia Fagundes Telles, Clarice Lispector, Chico Buarque... E entre os estrangeiros
Philip Roth, Marguerite Duras, Katherine Mansfield, Sandor Marai, Gabriel
Garcia Marques... A lista não tem fim.
Seu primeiro livro infantil é sobre Luiz Gonzaga que ano passado
completou 100 anos de seu nascimento. Dá para mensurar a importância de grandes
nomes da arte para a cultura brasileira?
Um país consolida sua identidade por meio de
seus artistas, seus criadores. Somos o que nossos artistas produziram sobre
nós. Por isso é muito importante que as crianças conheçam e valorizem esses
artistas. Imagine o que seria de nosso país sem nossos músicos, sem nossos
pintores, sem nossos cineastas, sem nossos escritores... Não existiríamos como
nação. Seríamos um bando de ignorantes sem importância nenhuma no mundo.
É claro que não poderíamos deixar de falar de
seu recente trabalho.
Como foi o processo de criação de seu mais recente livro, O
Descobrimento do Rio Amazonas, o
que levou a escreve lo?
A ideia original foi do meu amigo ilustrador
Jô Oliveira. Tínhamos planejado fazer o livro juntos, mas ele estava envolvido
com outros trabalhos e me liberou para trabalhar com outro ilustrador.
Partimos do original do Frei Carvajal, que fez parte da expedição e escreveu um
livro contando a aventura. Foi uma adaptação.
Fale de suas parcerias com ilustradores, e em especial a do Ciro
Fernandes?
Ciro é muito amigo do Jô Oliveira, que foi
quem o indicou para a editora. Já conhecia e admirava muito o trabalho dele.
Foi uma honra ter um livro ilustrado com gravuras tão lindas de um gravador tão
competente. Às vezes começo um trabalho já combinado com o Jô Oliveira, outras
vezes a editora indica o ilustrador. Sempre tenho que aprovar as ilustrações
antes de o livro ir para a gráfica. Tive sorte. Todos são ótimos.
Fale mais de seu amigo Jô Oliveira e os trabalhos em conjunto que fazem.
Jô é um ilustrador internacionalmente
conhecido. Estivemos em Bologna para a Feira de Livros Infanto-juvenis e lá na
Itália ele é conhecido como “cangaceiro” e tem até um agente. Ele já fez mais
de cinquenta selos para os Correios e ganhou duas vezes o prêmio de melhor selo
do mundo. Já ilustrou mais de 70 livros. Foi ele que me desafiou a escrever
para crianças. Eu já tinha dois livros técnicos e ele chegou na minha casa com
algumas ilustrações sobre a infância do Luiz Gonzaga me pedindo para escrever o
texto. Eu tremi nas bases, mas aceitei o desafio. Depois do texto pronto ele
completou as ilustrações e o livro saiu pela Editora Dimensão, de Belo
Horizonte. Aí nós não paramos mais...
Escrever um livro é mais inspiração ou transpiração?
É uma questão de decisão. Escrever é
decidir escrever e transpirar até conseguir colocar um texto em seu formato
final. A inspiração acontece depois da decisão de escrever, durante o processo
de escrita.
Você é autora de vários livros e vários gêneros, qual você mais se apega
tanto para ler, quanto escrever?
Gosto muito de narrativas históricas, por meio
das quais aprendemos alguma coisa, tomamos conhecimento de fatos que não
sabíamos. Acho que a literatura, além de dar prazer, ela pode ensinar.
De que forma a Literatura entrou em sua vida?
Gosto de ler desde criança. Sou uma leitora
voraz. Leio todos os dias, sem parar. Já li todo o Proust, todo o Machado,
Rubem Braga, Drummond... Sou uma leitora eclética. Vou dos clássicos aos Best Sellers.
Um dia o Jô Oliveira me desafiou a escrever para crianças e de lá pra cá eu não
parei.
A literatura é mal aplicada para a juventude?
O problema é que muitos professores não
são leitores, não amam a leitura, e por isso não conseguem estimular os jovens.
Muitos dizem assim: “este livro vai cair no vestibular, mas é muito chato...”
Quem ama a leitura acaba contaminando os outros. Quando você fala com paixão
dos livros que lê acaba por despertar o desejo no outro de passar pela mesma
experiência prazerosa.
Há ainda sonhos na literatura que deseja realizar, quais?
Estou tentando escrever um romance para
adultos. Quem sabe um dia ele sai?
Poderia nos adiantar mais sobre o romance para adultos que pretende
escrever?
Ainda estou muito no começo. Estou
achando muito difícil criar todo um mundo apenas com a imaginação. Será um
livro de amor, que é a coisa mais importante na vida, é isso que eu posso
dizer.
O Brasil tem a fama de não valorizar seus filhos como você vê essa
situação?
Penso que isso está mudando. Nossa memória
está sendo mais bem cuidada e as escolas estão tentando valorizar o que temos
de bom.
Muitos artigos de jornal, revistas e sites indicam que a educação está
na UTI, você que é educadora faz essa análise em relação à rede de ensino do
nosso país?
Houve uma democratização muito grande do
acesso à escola, mas isso não foi acompanhado de uma qualidade do ensino.
Acredito que tudo está na preparação contínua dos professores. Escolas que
investem em seus professores têm ótimos resultados. Mesmo na era da
informática, o professor é essencial.
O planejamento do Ministério da Educação é de até 2016, 50% das
universidades seja formada por alunos beneficiados pela cota social, este é o
caminho para a construção de um país mais justo e de igualdade de
oportunidades?
Sou muito favorável às cotas. Elas garantem
oportunidade para todos. Temos uma grande dívida social com a população. Tanto
com os negros, como com os indígenas como com os pobres. É preciso corrigir
isso com ações afirmativas efetivas, que diminuam as distâncias entre as classes
e as etnias.
Muitos reclamam das leis do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)
dizendo que elas são ultrapassadas, como você avalia o Eca, a forma que as
crianças são tratadas e o tratamento dado no Brasil a menores infratores?
Penso que a infância tem que ser assistida
integralmente pelos poderes públicos. Creches, escolas, esporte, atividades
artísticas devem estar disponíveis para que todas as crianças tenham chance de
uma vida digna. Essa quantidade enorme de menores infratores, envolvidos com as
drogas e com o crime organizado, é consequência de escolas precárias, que não
cumprem o seu dever social de manter esses jovens interessados e motivados para
o estudo e a qualificação profissional.
Você é a favor da diminuição da maioridade penal, por quê?
Antes disso penso que nossas instituições que
abrigam jovens infratores têm que ser realmente educativas e não apenas um
depósito ou uma escola de criminalidade. Quando isso acontecer, talvez não
precisasse diminuir a maioridade penal.
Qual a responsabilidade da escola na
formação do cidadão?
Famílias
muito pobres não têm condições de oferecer aos seus filhos uma perspectiva
positiva de futuro. A escola tem essa tarefa. Ela pode mostrar novos
horizontes, motivar a criança para um futuro melhor, ajudá-la na aquisição de
habilidades e competências necessárias para atuar no mundo, apresentar a ela
opções de vida mais produtivas, valores sociais e de cidadania, ética,
esperança. Sabemos que pela escola muitas crianças ultrapassam a realidade dos
pais e vão mais longe.
Na edição de Outubro especial de aniversário de 15 anos a revista Bravo
da Editora Abril, pediu para especialistas falarem sobre os 15 fatos mais
relevantes da cultura brasileira nos últimos 15 anos. Segundo a revista o fato
mais relevante de número 1 foi o florescimento da escrita causada com o impacto
da tecnologia.
Concorda com isso e por quê?
Concordo sim. As novas tecnologias
estão motivando as pessoas a escreverem muito. Quando já se tinha perdido o
hábito de escrever cartas, as pessoas agora escrevem e-mails. Escritores que se
intimidavam com o contato com editoras agora criam seus blogs e depois lançam
seus livros impressos. O Facebook estimulou o contato por escrito entre as
pessoas. Hoje se escreve muito mais do que há dez anos.
Você sonha com quê?
Com um mundo mais justo, mais cheio de
harmonia, sem tantas diferenças sociais, sem tanto sofrimento.
Clarice Lispector já foi jornalista e perguntava ao final da entrevista
para o entrevistado o que é o amor, uma vez entrevistei o ator Caio Blat e ele
me respondeu: Não sei. Você saberia me explicar o que é o amor? (risos)
Rapidinhas
Melhor livro que já leu: impossível dizer. Mas “Em busca do
tempo perdido”, de Proust, poderia servir de resposta.
Melhor político (se é que dá para escolher):
Melhor programa para o fim de semana: um banho de mar, uma barraca, uma
rede e um livro.
Lugar que gostaria de conhecer: você não é ninguém até conhecer as
Muralhas da China.
Definindo em uma frase
Deus: energia positiva que está em todos nós.
Religião: pensamentos positivos dirigidos a todos.
Literatura: uma forma de felicidade infinita para o leitor.
Poesia: ressurreição das palavras.
Carlos Drummond de Andrade: tradutor perfeito da alma brasileira.
Jô Oliveira: amizade e estímulo.
Amizade: corações que conversam.
Cultura: tudo que nos traduz.
Brasil: uma potência em expansão.
Carnaval: alegria do povo.
Futebol: paixão nacional.
Deixe seu convite para os nosso
leitores lerem seu recente trabalho O Descobrimento do Rio Amazonas.
Venham
conhecer a história cheia de aventura da descoberta de nosso rio/mar.
Fim de Semana Literário Sábado
Chá das 5: 5 e 17 horas
No Café da Manhã com Poesia por Magno Oliveira 7 horas da Manhã
Devaneios do Ranzinza por Roberto Prado 10 da Manhã
Poesia de Beto Ribeiro 15 horas
Poesia de David White 19 horas
12 horas e 21 horas espaço dedicado ao leitor envie seu texto para que ele seja publicado.
Nosso contato: folhetimcultural@hotmail.com
Fim de Semana Literário Domingo
Chá das 5 dominical: 5 e 17 horas
No Café da Manhã com Poesia por Magno Oliveira 7 horas da Manhã
Literatura Nossa homenagem a um grande escritor por Dhyne Paiva ás 10 da manhã
Literatura Nossa homenagem a um grande escritor por Dhyne Paiva ás 10 da manhã
Prosa Literária Magno Oliveira entrevista um convidado especial 19 horas.
12 horas e 21 horas horário reservado para a sua participação envie seu texto para que ele seja publicado.
Nosso contato: folhetimcultural@hotmail.com
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