“Cantor,
compositor, ator, poeta, visionário, profeta do caos, ou um enlouquecido por
excesso de verdade e amor metafísico?” – Trecho do Livro Raul Seixas / O sonho
da sociedade alternativa.
Nascido em Julho de
1945, em Salvador, Raul Santos Seixas teve uma vida escolar tranquila até
chegar ao Ginásio onde repetiu cinco vezes o segundo ano porque em vez de ir assistir as aulas, ouvia rock and roll,— especialmente
Elvis Presley, sua maior influência.
A farta biblioteca de
seu pai desencadeou seu interesse pela palavra e estimulou sua imaginação a
ponto de o garoto se trancar em seu quarto e criar histórias mirabolantes que
mais tarde eram vendidas para seu irmão caçula. Mas isso não o aproximou da
escola, ele era autodidata, gostava de filosofia e queria ser escritor feito
Jorge Amado e viver da literatura.
Em 1957 Raul deu seus
primeiros passos fazendo rock com o amigo, Mariano. Fizeram sua primeira
guitarra estilo americana com uma tábua e o braço de um violão velho. A partir
daí, Raul ousou se iniciar no mundo do rock de palco. O ano de 1964 marcou o
nascimento de The Panthers, que mais tarde passaram a se chamar Raulzito e os
Panteras.
Depois de trocarem seus equipamentos, passaram a tocar em boates e
shows. Mas em nome de seu futuro com quem viria a ser sua primeira mulher
interrompe a carreira, retoma os estudos e presta vestibular para direito
(passando em um dos primeiros lugares). Em 1967 casou-se e retomou a
carreira com Os Panteras.
Sem ainda conhecer o
sucesso a banda foi se desgastando pela decepção, ficaram como banda de apoio
de Jerry Adriani, até o fim do grupo.
Em 1970, Raul passou a ser
produtor de discos na CBS e foi despedido por, na ausência do diretor da
produtora, gravar e lançar o LP Sociedade Grã-Ordem Kavernista. O disco sumiu
do mercado em seguida.
Em 1972,
Raul Seixas decide participar do Festival
Internacional da Canção, sendo convencido por Sérgio
Sampaio. O cantor compõe duas músicas, "Let Me Sing, Let Me Sing” e
"Eu Sou Eu e Nicuri é o Diabo", as duas são classificadas. "Let
Me Sing, Let Me Sing” chega a final do concurso. O sucesso da música permitiu
que Raul seguisse carreira como cantor e compositor com a Philips.
Sociedade Alternativa
Passeata Ouro de Tolo |
Uma amizade complexa,
marcada pela inimizade e pelos conflitos que se refletiam em suas parcerias
musicais, deu origem à tão conhecida Sociedade Alternativa que foi fundada por
Raul Seixas e Paulo Coelho na década de 70, baseada nos princípios do mago
inglês Aleister Crowley. O intuito
deles era criar a Cidade das Estrelas, uma comunidade onde a única lei era “Faz o que tu queres, há de ser tudo da lei.”.
Raul divulgava a Sociedade com a música de mesmo nome, mas a ideia dos rapazes
não agradou a muitos e Raul foi preso e torturado pelo DOPS, sendo obrigado a
sair do país.
Enquanto isso, “Gita”
fazia sucesso pelo Brasil e foi isso o que o permitiu que voltasse para sua pátria
e foi também o que lhe deu seu primeiro Disco de Ouro, com mais de 600 mil
cópias vendidas.
Raul casou-se pela segunda vez em 1976. No mesmo ano lançou o álbum Há 10 Mil
Anos Atrás, chegando ao fim sua parceria com Paulo Coelho embora continuassem
amigos.
Morte
No dia 21 de agosto de
1989, Raul foi encontrado morto em sua cama vítima de uma parada cardíaca: seu
alcoolismo, agravado pelo fato de ser diabético, e por não ter tomado insulina
na noite anterior.
Altos e Baixos
Passando por sete
gravadoras, cinco casamentos, vinte e seis discos, doença causada pelo
alcoolismo e depressão, teve 26 anos de uma carreira conturbada também pelas
críticas muitas vezes negativas, que acabavam prejudicando as vendas dos
discos.
Apesar das dificuldades,
o “Maluco Beleza”, conquistou milhões de fãs e mesmo 25 anos após sua morte ainda
faz a cabeça de varias gerações com suas composições. Além disto, teve vários
álbuns póstumos, coletâneas, tributos e homenagens.
Uma delas, é a passeata
Ouro de Tolo que teve sua primeira edição realizada em 1985, no Centro de São
Paulo. A partir de 1990, os fãs de Raulzito passaram a fazer a passeata anualmente
como forma de homenagear o ídolo.
TEXTO: Dhyne Paiva.
EDIÇÃO: Luciano Neto.
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