Fernando Ferrari aos sábados ás 19 horas suas charges poderão ser apreciadas aqui no Folhetim Cultural. E neste horário A crônica nossa de cada dia.
E-mail: fffernandoferrari@gmail.com
Nascido em Maio de 1979 em SP, Publicitário pós-graduado, brasileiro com cidadania francesa. Quatro livros já publicados e no primeiro concurso literário que participou foi premiado.
Mantém os sites:
fernandoferrari.carbonmade.com (Peças publicitárias)
cabecatroncoetextos.blogspot.com (Blog de crônicas)
ferrarifernando.hdfree.com.br (Livros e site feito por ele mesmo)
Olha
que sorte! Bem naquele dia, não sei como, lembrei que eu e minha namorada
fazíamos quatro anos de namoro. E quando nos falamos pela manhã, nem toquei no
assunto, deixando-a pensar que eu tinha esquecido. Típico de homem. Para a
noite preparar uma bela surpresa, com direito a jantar a luz de velas e comida
sobre a mesa.
Tudo
pronto, 21:58 pm., a campainha toca, abri a porta, nos abraçamos, nem toquei no
assunto, a fiz sentar-se na sala de jantar, improvisada, falamos um pouco sobre
o dia, a envolvi no papo e finalmente disse que ia pegar uma cerveja, mesmo eu não
bebendo e ela estranhando uma vela sobre a mesa. Ela sabia! Mas faz parte do
jogo feminino.
Tudo
no script. A luz baixa, a libido
subindo, sem nervosismo, mas um clima de apreensão pairava no ar. Era 22:00
pm., em ponto. Show time! Botei o pé
na sala, com bouquet de flores (até
das preferidas lembrei) e duas taças de vinho, numa mão e a panela com um Poullet Savignon
(prato francês) na outra, que eu mesmo fiz. Surpresa!
A
imagem que não esqueço, foi a dos olhos dela brilhando, lacrimejando, se
aproximando, me beijando, dizendo: Você lembrou! Querendo me ajudar com aquelas
coisas todas. Mas para fechar com chave de ouro eu disse: Deixa comigo! E foi
aí que a luz apagou, tropecei na mesa e foi tudo para o chão. A merda estava
feita.
Pouco
depois das 22:00 pm., como já havia acontecido em 2001 e 2002, o Brasil apagou.
E até hoje, muito se fala, mas pouco se sabe realmente como tudo aconteceu.
Sempre colocam a culpa numa tal da usina. Por que é que não mudam então, o
abastecimento de Itaipú, para a Caramuru!? Pelo menos, todos sabem que não dá
chabú!
Ah!
A culpa é que sobrecarregou! Vai você explicar ao seu chefe que não entregou o
relatório, urgente, por que estava sobrecarregado e sofreu um apagão. Ou então
dizer para a namorada, noiva ou mulher que te deu um apagão e esqueceu aquela
data importante. De duas, uma. Ou ela vai te apagar da vida dela, ou te dar um
chifre. Claro!
Brasileiro
tem mesmo sempre muitos apagões. Apaga a memória quando vai votar ou quando se
trata de coisa do mesmo nível de seriedade. Fica parecendo um PC486 sem memória
e com uma vaga lembrança. Mas se o assunto é futebol, vira um Quad Core. Sabe tudo de Charles Miller a Arthur Friederich! E joga o jogo do
governo. Pão e circo.
Ah!
Mas o governo também tomou prejuízo com este apagão! Você viu? Eu não. Pelo
contrário, vi um lucro! Se já existe o horário de Verão, que começa na
Primavera para economizar luz, essas “falhas” de energia, para mim, soam mais é
como uma hora extra de horário de Verão. Complicado de explicar, mas
simplesmente chamado de “apagão”.
Talvez
faça parte do sistema. Aquele mesmo sistema que sempre pára de funcionar quando
você está numa fila. Este é o sistema. E o sistema funcionando bem é quando ele
não está funcionando bem. Contrariando a tese de que um servidor que não serve,
não serve. Isso vale também para alguns servidores públicos, por trás dos
sistemas.
Lá
em casa, ferrou tudo! Só não foi pior porque a vela não estava acesa, evitando
um incêndio bem visível e minha namorada foi bem compreensível. Mesmo ficando
acordada até as 3:00, quando a luz voltou e pudemos ver nosso prejuízo. Nossa
boda de namoro foi inesquecível! Acredito que nenhum outro apagão apagará, nem
pagará isso!
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