segunda-feira, 12 de março de 2012

Quadrinista francês Moebius morre aos 73 anos


Jean Giraud era famoso pela ficção científica e pelas histórias do faroeste "Blueberry"


Foto: Getty Images
Jean Giraud, ou Moebius, recebe prêmio em Paris em 2008


 O quadrinista francês Jean Giraud, conhecido como Moebius, pai das histórias em quadrinhos do tenente Blueberry, morreu neste sábado (10) aos 73 anos após um longo período com estado de saúde debilitado, informaram amigos da família.
 Autor prolífico, Moebius trabalhou em algumas das revistas mais importantes da França, colaborou com desenhos para o cinema e ganhou fama com o gênero faroeste.
 
Criador de um universo muito pessoal, o desenhista francês ajudou na criação dos personagens dos filmes "Alien - O 8º Passageiro", de Ridley Scott; "O Quinto Elemento", de Luc Besson; e "O Segredo do Abismo", de James Cameron, entre outros. Essa dualidade entre o realismo e a ficção científica intrigou e fascinou admiradores da arte dos quadrinhos, embora alguns a classificassem como esquizofrênica. Nascido em 8 de maio de 1938 na cidade francesa de Nogent-sur-Marne, no seio de uma família humilde, Jean Henri Gaston Giraud começou a publicar seus primeiros desenhos com apenas 15 anos. Sua atração pelo faroeste levou-o a criar, em colaboração com Jean-Michel Charlier, a saga "Blueberry", que assinou com o pseudônimo de Gir e lhe deu fama internacional.
Foto: Divulgação
Blueberry, o personagem mais famoso de Moebius
 Com o passar dos anos, no final da década de 1960, o cartunista deixou de lado o realismo do faroeste para se consagrar com obras mais fantásticas, em um universo próprio muito relacionado à ficção científica. Foi nesse momento quando adotou o pseudônimo de Moebius, que pegou de um matemático alemão, e começou uma prolífica colaboração com o cinema, que durou vários anos.
 Entre o realismo e a imaginação, Moebius teve tempo de desenhar a si mesmo, como mostra a série de livros que publicou sobre sua própria vida chamada "Inside Moebius". Giraud teve fortes vínculos com o México, onde viveu sua mãe e onde passou diversos períodos de sua vida, o que influenciou sua visão do faroeste e inspirou seu trabalho a partir do ponto de vista dos xamãs e do deserto. Premiado como melhor artista gráfico da França nos anos 1990, Moebius tinha a insígnia das Artes e das Letras que recebeu do então presidente François Mitterrand em 1985. Muito admirado em seu país, concluiu no ano passado em Paris uma grande exposição consagrada a sua obra. Em uma entrevista concedida na ocasião, o artista reafirmou que possuía uma "dupla personalidade", pelo menos no plano artístico. "Tenho dois pólos, dois gestos. Quando estou na pele de Moebius, tento fugir do meu 'eu', desenho em estado de transe", explicou.
 

Postagem: Natan Fellipe
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