Livro
organizado pelos arquitetos André Vainer e Marcelo Ferraz, homenageia a mestra
italiana radicada no Brasil e revê a história de uma de suas criações mais
emblemáticas
Em 1999, os arquitetos André Vainer e Marcelo Ferraz organizaram, durante a IV
Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, a exposição “SESC Pompeia:
Cidadela da Liberdade”, que homenageava um dos projetos arquitetônicos mais
surpreendentes que saíram da imaginação e da prancheta de Lina Bo Bardi. Na
ocasião, além de abordar a obra da arquiteta italiana radicada no Brasil desde
a década de 1940, Vainer e Ferraz tinham por objetivo evidenciar os conceitos
que sustentam uma das mais nobres funções da arquitetura: a de promover e
construir espaços de convivência.
Espécie de ponto luminoso localizado na Zona Oeste da mais importante metrópole
brasileira, o Sesc Pompeia é uma pequena cidade sem automóveis que reúne e
acolhe, diariamente, centenas de pessoas interessadas em cultura, esporte e
lazer, atividades por meio das quais a vida imaterial se renova e é celebrada.
Velha fábrica recuperada e transformada em centro cultural em 1982, o espaço
está impregnado da memória do passado industrial paulistano, exalando de sua
arquitetura e de seu design um espectro de experiências sensoriais, afetivas e
intelectuais.
Pouco mais de uma década depois, o primoroso catálogo distribuído aos
visitantes daquela exposição se ampliou, transformando-se no livro Cidadela
da Liberdade: Lina Bo Bardi e o Sesc Pompeia, lançamento das Edições
SESC SP com organização dos mesmos André Vainer e Marcelo Ferraz,
assistentes da arquiteta na restauração da fábrica e em outros projetos.
Desta
vez, mais desenhos, imagens e textos foram acrescentados ao material original,
propiciando ao leitor novas
leituras e conexões e constituindo uma importante fonte de pesquisa e (por que
não?) de inspiração para admiradores que se debruçam sobre uma obra tão
original.
A fábrica foi construída em 1938 pela empresa alemã Mauser e Cia, tendo por
base um projeto inglês do início do século XX. Em 1945, o imóvel foi adquirido
pela Indústria Brasileira de Embalagens Ibesa, fabricante de tambores, que,
posteriormente, instalou em seu espaço a Gelomatic, que produzia geladeiras a
querosene. A restauração dos galpões foi realizada entre 1977 e 1982, tendo
seus princípios fundamentados na Carta de Veneza – uma concepção dinâmica que
deixa patente a história viva do edifício e visíveis as diversas técnicas
empregadas ao longo do tempo.
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Lina Bo Bardi (1914-1992) nasceu em Roma e começou a trabalhar como
arquiteta e publicitária durante a Segunda Guerra, tendo firme atuação na
resistência contra o fascismo. Em 1946, decepcionada com os rumos políticos europeus,
abandonou a Itália e, na companhia do marido, o jornalista e colecionador
Pietro Maria Bardi, desembarcou no Rio de Janeiro.
Instalada na capital fluminense, Lina passou a frequentar o Instituto de
Arquitetos do Brasil, no qual conheceu Oscar Niemeyer, Lucio Costa e Edgar da
Rocha Miranda. Deslumbrada pela simplicidade inteligente de um país “que não
tinha classe média, mas somente duas grandes aristocracias: a das terras, do
café, da cana e... o povo”, a arquiteta naturalizou-se brasileira em 1951 e
nunca mais retornou à terra natal.
Entre 1957 e 1968, ela se encarregou do projeto e da construção da nova
sede do Museu de Arte de São Paulo, o MASP, sob a direção de Pietro Maria
Bardi, projetado sobre o então maior vão livre do mundo. Na década de 1980,
participou de vários projetos de restauração de prédios seculares do Centro
Histórico de Salvador.
Cidadela da Liberdade: Lina Bo Bardi e o Sesc Pompeia é
daquelas obras difíceis de definir. Oscilando entre o registro documental, o estudo
de caso e a crônica memorialística, presta um tributo à arquitetura empenhada
em melhorar a vida dos cidadãos das grandes cidades, levando o leitor a
refletir sobre o que é um projeto arquitetônico em todas as suas dimensões
histórica, filosófica e espiritual.
Ao final da leitura deste lançamento, o leitor compreenderá porque o
projeto do Sesc Pompeia ainda hoje fascina intelectuais, artistas e homens
públicos mundo afora. Baseada na ideia da arquitetura como espaço de
convivência, de conhecimento e de criação artística, a velha fábrica restaurada
e a nova construção de concreto são intervenções poéticas sobre a realidade
assinadas por artistas genuínos para quem o homem é, antes, a justa medida de
todas as coisas.
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FICHA TÉCNICA:
Editora: Edições SESC SP
ISBN: 978-85-7995-023-0
Páginas: 168 páginas
Formato: 26,4 cm de largura | 26,8 cm de altura
Preço: R$ 80,00
As publicações
das Edições SESC SP podem ser adquiridas em todas as unidades SESC SP (capital e
interior), nas principais livrarias e também pelo portal www.sescsp.org.br/loja.
• LINA BO BARDI | SESC EM
OBRAS
Achillina Bo nasceu em Roma em 1914,
onde cursou a faculdade de Arquitetura da universidade local. Em 1946, Lina
casou-se com Pietro Maria Bardi, cujo sobrenome adotou, em seguida o casal
mudou-se para o Brasil. Em recepções, no Rio de Janeiro, conheceram
personalidades como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Rocha Miranda, Burle Marx e
Assis Chateaubriand de quem Pietro recebeu o convite para fundar e dirigir o
MASP, cujo projeto arquitetônico foi concebido por Lina. A linha de produtos
para a série Sesc em Obras foi criada a partir dos estudos, aquarelas, plantas
e esboços criados por Lina Bo Bardi para a concepção arquitetônica do Sesc
Pompeia, no final da década de 70 e meados de 80. Entre os produtos estão
aventais (adulto e infantil), camisetas, bolsas variadas, bonés, caneca,
guarda-chuva, cadernos, cadernetas, borracha, lápis e estojo.
• SESC POMPEIA: 30 ANOS
A exposição
Sesc Pompeia: 30 anos, em cartaz a partir de 28 de fevereiro, no Hall do Teatro
do Sesc Pompeia, mostra como se deu a experiência da construção da fábrica e
como durante os 30 anos de sua existência o Sesc Pompeia concretizou o ideal de
convivência, entretenimento, cultura e lazer, estabelecendo-se como um
reconhecido equipamento urbano da cidade de São Paulo. Na mostra será
apresentada uma linha do tempo com a história da fábrica, desde sua antiga
ocupação com a Mauser e Ibesa, a restauração proposta e executada pela
arquiteta Lina Bo Bardi, informações específicas sobre os conceitos do
mobiliário e estruturas da edificação e fatos curiosos.
Também serão expostos
vídeos com entrevistas de Lina Bo Bardi, maquete eletrônica e registros
históricos de shows, eventos, exposições, realizados ao longo das três últimas
décadas.
André Vainer é arquiteto e
urbanista formado pela FAU-USP. Foi sócio do escritório André Vainer e
Guilherme Paoliello até 2009, onde conquistou importantes prêmios, incluindo as
Bienais Internacionais de Arquitetura de São Paulo (edições II, IV, VI e VII).
É titular atualmente do escritório André Vainer Arquitetos e Professor da
Escola da Cidade.
Marcelo Ferraz é arquiteto
e urbanista formado pela FAU-USP. Ao lado de Francisco de Paiva Fanucci é
diretor do escritório Brasil Arquitetura, que realiza projetos de arquitetura,
urbanismo, recuperação, restauro e desenho industrial para os mais diversos
setores de atividade: de residências e projetos comerciais a edifícios para
lazer e de uso público/institucional. É autor de publicações, entre elas o
livro Fanucci e Ferraz da Cosac Naify (2005).
SOBRE EDIÇÕES SESC SP
Segmento
editorial do SESC, as publicações das Edições SESC SP são
pensadas e construídas em um longo processo de maturação e discussão,
justamente por estarem envolvidas em projetos de largo alcance. As Edições SESC SP têm em seu catálogo publicações nas
áreas de cultura, artes, esportes, ciências sociais, educação,
filosofia, terceira idade e história. Muitos desses trabalhos articulam-se em
diversas mídias, para atender aos anseios de um público interessado em
informações plurais, que podem vir de diferentes recursos multimídia,
integrando texto, áudio e vídeo. Seu projeto gráfico, muitas vezes arrojado e
experimental, constitui-se também em um campo para a criação. Com o intuito de
expandir seu campo de ação, atendendo a um público cada vez maior, o SESC
programou o lançamento de cerca de 30 novos títulos para o ano de 2012,
complementando o catálogo construído nos últimos anos e firmando-se cada vez
mais como uma importante referência em publicações culturais no País.
Em junho primeira edição da revista digital Folhetim Cultural solicite e receba via e-mail: folhetimcultural@hotmail.com
Fonte e foto: Baobá Comunicação Postagem: Magno Oliveira
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