terça-feira, 15 de novembro de 2011

Devaneios do Ranzinza por Roberto Prado


Roberto Prado, 49 anos Santos, São Paulo.

Publicou dois livros, é funcionário público. Talentoso escritor, irá escrever aos sábados 10 horas da manhã, no Folhetim Cultural com reprise nas terças ás 20 horas. Pelo Folhetim ainda escreverá uma vez ao mês no Chá das 5.
Blog do Roberto Prado: http://blogdonemesis.blogspot.com/
E-mail do Folhetim Cultural: folhetimcultural@hotmail.com
E-mail: rpjbarbosa@fazenda.sp.gov.br

OUTRA VEZ NAQUELE BAR




Lembram daquele bar? Pois é, mais uma acontece lá.

- Então cara eu falei de você prá ela.

- E?

- Caiu de quatro, diz que já está te amando de paixão, já morre de saudades de você.

- Me explica isso.

- Pois falei de você, contei das tuas paixões, que você é escritor, omiti é claro, que nunca publicou, mas acho que isso era uma informação desnecessária, nunca via aquela criatura com um livro nas mãos. Falei que você pratica esporte, omitindo é claro sua posição de goleiro, adora crianças – empanadas – hahahaha, afinal ela tem dois filhos e você tem mostrar ser uma certa figura paterna...

- Isso não está me cheirando bem...

- Que é isso, ela está no papo!

- Mas quem te falou que eu estou atrás de alguém? Tudo o que eu quero de mulher agora é distância, dis-tân-cia-a, que longura dela...

- Relaxa, ela é um pitelzão!

- Pitelzão? Eu conheço pitel, pitelzão porque ela deve ser uma jubarte...

- Ora o que são uns quilinhos a mais...

- Quilinhos... Quantos quilinhos a mais?

- Sei lá uns noventa e cinco...

- Noventa e cinco!! Faz trinta e oito anos que eu não saio dos sessenta e você quer me apresenta uma fulana de noventa e cinco quilos? Garçom, outro chope com estanhager.

- Calma, ela também tem lá sua qualidades...

- Quais?

- ...

- Quais?
-...

- Vamos lá quais as qualidades dessa criatura. Separada, dois filhos, gorda...

- Escandalosa...

- O que???

- Escandalosa...., pelo menos é o que dizem as más línguas.

- Mas para que você quer me apresentar para essa mulher?

- Não agüentamos mais ver você nessa solidão, nessa tristeza, nesse mau-humor, amargura.

- Chega, eu conheço minhas qualidades e limitações, e não preciso que você as descreva nesse bar para mim. Garçom, outro estanhager com estanhager, sem chope.

- Mas mulher é mulher, mas só te dou um conselho, não use camisinha, arrume algum outro contraceptivo...

- Acha que vou sair com uma mamífera como essa, copular - me recuso a dizer transar – e sem nenhuma proteção? Você está é louco, -falando alto – louco – gritando - louco...

O garçom trás mais uma tulipa de estanhager.

- Calma, calma, não grita calma...

- Calma, o mais você tem a me dizer para eu ter que ficar calmo?

- Eu falei prá ela que você é rico, fiscal da receita...

- Garçom, garçom, pare de rir e me traga a conta!

Saiu bravo, e parece que não foi encontrar a fulana.

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