segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Sentires poético por Ianê Mello


Nascida no Rio de Janeiro (RJ). É educadora, pós-graduada em Pedagogia e Orientadora Educacional. Identificada com as diversas propostas em textos literários. Seus textos incluem contos, crônicas, aforismos, haicais e poesias. Alguns deles são publicados na internet, em sites, blogs e revistas eletrônicas. Escreveu um livro de contos  "Rocktales - Contos do Rock" com o escritor Beto Palaio, a ser publicado em breve.



Poemas, por Ianê Mello.

I

E eu ressurjo com o vento
por detrás das verdes folhagens
e me contorço em sons e vibrações
inaudíveis aos ouvidos humanos
e me refaço em cores sublimes
e me transporto em nuvens
de puro algodão...
Eu, que sou massa esférica
ponte que atravessa o rio
rio que corre
mar que não se navega
Eu que sou pura e simples
perdida na poeira cósmica
invisível e fantasmagórica
Súplica contida no espanto
Eu sou o Espanto
que corre na mármore frio
e que se abriga no gelo
Sou a ponta do iceberg
Sou branca e pálida
Me desfaço em sons
Me perco em tons
Sutilmente me alastro
Como quem fere
a própria carne
e sangra de dor.

II

E eu me converto em luz
na escuridão faz-se o grito
Arcaico , primitivo,
urro de transmutação
E eu me transformo em ar
Plano sobre os campos
leve, volátil, rarefeito
Alcanço novas esferas
Perene, tranquilo...
num reconhecimento íntimo
do âmago do ser
Ser complexo e simples
Dual e par
Sem sentido, desconexo
Harmônico e belo
Parideiro de emoções
Conflituoso e conflitante
Espasmo e contração
Prematuro na essência 
Renascido no amor
Ungido no pecado
Santo e profano
Misto de loucura e sanidade
Ladeado de saudade
Caçador de si.

III 

E eu transmuto a dor
num espasmo
Da sombra faz-se a luz
O corpo a gemer prazeres
Amarras soltas
aberta a prisão
Prisioneiro corpo
fragmentado pelos anos
pelos amores vãos
A alma flutua leve
no corpo liquefeito
Suores e fluidos
num rio caudaloso
prazeres de amar
cantares do amor
Num dedilhar de toques
sutis e intensos
Em sussurros inaudíveis
em gritos de gozo
ressurge a mulher
Alva e pura
como a água
que em seu corpo brota
Fonte fecunda
multifacetada... 
em virgens escondida
Esplendor de anunciação.

IV

E eu me enrodilho em pernas
em braços e amores
Me perco em sonhos, visões, carícias
E me trasporto  ao sublime
num ato de amor
Enredo por caminhos escondidos
por jardins florescentes
e céu de anil
Em nuvens de algodão me deito
extasiada e completa
Mulher que sou
Em meus olhos
rebrilham os seus
em arco-íris de paixão
Minha boca que se cala
num doce beijo
de mel e hortelã
Sou sua
e cada vez mais minha
Em você me reencontro
Inteira, intensa, verdadeira.

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