terça-feira, 22 de novembro de 2011

Devaneios do Ranzinza por Roberto Prado


Roberto Prado, 49 anos Santos, São Paulo.

Publicou dois livros, é funcionário público. Talentoso escritor, irá escrever aos sábados 10 horas da manhã, no Folhetim Cultural com reprise nas terças ás 20 horas. Pelo Folhetim ainda escreverá uma vez ao mês no Chá das 5.
Blog do Roberto Prado: http://blogdonemesis.blogspot.com/
E-mail do Folhetim Cultural: folhetimcultural@hotmail.com
E-mail: rpjbarbosa@fazenda.sp.gov.br

Hoje Acordei Sedento De Sangue



Acordei, estranhamente, sedento de sangue.

Fui à cozinha, bebi um copo d’água, que imediatamente cuspi, não consegui engoli-la. Realmente a sede era de sangue. Descobri que sou uma vitima do sentido figurado.

Sedento de sangue, estou com sede de sangue...

Como resolver isso?

O sol nasceu, abri as cortinas preocupado, trêmulo, medroso - e se o sol me queimasse? 

Claro que ele não me queimou, afinal não sou um vampiro - daqui vejo meu reflexo no espelho! -, sou só uma pessoa normal que, sabe-se lá por que, hoje acordou sedento de sangue.

O dia prometia ser quente, e na TV anunciava chuva para o fim da tarde.

Troquei-me, e saí a trabalhar ainda sedento de sangue e em jejum, nem mesmo a geléia de goiaba me atraiu....

Ao chegar ao escritório deparo com minha mesa cheia de papéis, espanto-me e fico indignado, pois ao sair ontem ela estava limpa.

Alguém fez serão e deixou o resto para mim!

Estou sedento de sangue quente e espesso e alguém me confunde com um abutre comedor de carniça!

Sento-me à mesa, meço a quantidade de papéis sobre ela, meus dentes rangem e, juro, sinto meus caninos crescerem...

Acordei sedento de sangue e estou começando a gostar disso.

Toca o interfone, e pelo calafrio na espinha, é a Dona Regina, minha chefe, chamando-me à sua sala. Sinto a sede aumentar seguida de um antegozo sobrenatural e uma saciedade pronta a realizar-se.

Levanto-me, olho o reflexo de meu rosto no cromado do grampeador e, sorrindo, percebo que meus caninos cresceram mesmo. Sigo em direção à sala da Dona Regina, faço toc-toc só de sacanagem, pois ela detesta isso, gosta de ser anunciada pela sua estagiária. Abro a porta antes que ela responda, encosto-me no batente e digo:

-Hoje acordei sedento de sangue...

3 comentários:

  1. ANDO COM ESSA SEDE TODOS OS DIAS...

    hahahahahaha

    MAIS UMA VEZ ROBERTO RANZINZA ARRASANDO!

    ResponderExcluir
  2. Hahahahahahahaahaha, adoro as minhas leitoras.

    ResponderExcluir

Obrigado por interagir conosco!