domingo, 14 de abril de 2013

Fim de Semana Literário: Prosa Literária entrevista na íntegra com Lucília Garcez





Na edição de Outubro especial de aniversário de 15 anos a revista Bravo da Editora Abril, pediu para especialistas falarem sobre os 15 fatos mais relevantes da cultura brasileira nos últimos 15 anos. Segundo a revista o fato mais relevante de número 1 foi o florescimento da escrita causada com o impacto da tecnologia.


Concorda com isso e por quê?

Concordo sim. As novas tecnologias estão motivando as pessoas a escreverem muito. Quando já se tinha perdido o hábito de escrever cartas, as pessoas agora escrevem e-mails. Escritores que se intimidavam com o contato com editoras agora criam seus blogs e depois lançam seus livros impressos. O Facebook estimulou o contato por escrito entre as pessoas. Hoje se escreve muito mais do que há dez anos.

Como você avalia o trabalho realizado na educação (pelo Governo Federal) nos últimos 20 anos?
Houve essa democratização, há um esforço para garantir merenda, uniforme, transporte, livro didático, biblioteca escolar, prédios, quadras esportivas  (são inúmeros itens), mas ainda falta muito para a qualificação contínua dos professores. Trabalhei em um programa de formação para professores de séries iniciais (Praler), mas ficou na gaveta do MEC.
Você é a favor da cota racial nas universidades, por quê?
Sou muito a favor. Nossa dívida com os negros é muito grande. Abolimos a escravidão e os deixamos na miséria. Com o tempo vai haver igualdade social decorrente dessas chances que estão sendo dadas à população negra.
Qual seu autor favorito?

Não posso escolher apenas um: amo Machado de Assis, adoro Graciliano Ramos, Rubem Braga, Guimarães Rosa, Milton Hatoum, Raduam Nassar, José Lins do Rego, Nelson Rodrigues, Jorge Amado, Lígia Fagundes Telles, Clarice Lispector, Chico Buarque... E entre os estrangeiros Philip Roth, Marguerite Duras, Katherine Mansfield, Sandor Marai, Gabriel Garcia Marques... A lista não tem fim.

Seu primeiro livro infantil é sobre Luiz Gonzaga que ano passado completou 100 anos de seu nascimento. Dá para mensurar a importância de grandes nomes da arte para a cultura brasileira?
Um país consolida sua identidade por meio de seus artistas, seus criadores. Somos o que nossos artistas produziram sobre nós. Por isso é muito importante que as crianças conheçam e valorizem esses artistas. Imagine o que seria de nosso país sem nossos músicos, sem nossos pintores, sem nossos cineastas, sem nossos escritores... Não existiríamos como nação. Seríamos um bando de ignorantes sem importância nenhuma no mundo.
É claro que não poderíamos deixar de falar de seu recente trabalho.
Como foi o processo de criação de seu mais recente livro, O Descobrimento do Rio Amazonas, o que levou a escreve lo?
A ideia original foi do meu amigo ilustrador Jô Oliveira. Tínhamos planejado fazer o livro juntos, mas ele estava envolvido com outros trabalhos  e me liberou para trabalhar com outro ilustrador. Partimos do original do Frei Carvajal, que fez parte da expedição e escreveu um livro contando a aventura. Foi uma adaptação.
Fale de suas parcerias com ilustradores, e em especial a do Ciro Fernandes?
Ciro é muito amigo do Jô Oliveira, que foi quem o indicou para a editora. Já conhecia e admirava muito o trabalho dele. Foi uma honra ter um livro ilustrado com gravuras tão lindas de um gravador tão competente. Às vezes começo um trabalho já combinado com o Jô Oliveira, outras vezes a editora indica o ilustrador. Sempre tenho que aprovar as ilustrações antes de o livro ir para a gráfica. Tive sorte. Todos são ótimos.
Fale mais de seu amigo Jô Oliveira e os trabalhos em conjunto que fazem.

Jô é um ilustrador internacionalmente conhecido. Estivemos em Bologna para a Feira de Livros Infanto-juvenis e lá na Itália ele é conhecido como “cangaceiro” e tem até um agente. Ele já fez mais de cinquenta selos para os Correios e ganhou duas vezes o prêmio de melhor selo do mundo. Já ilustrou mais de 70 livros. Foi ele que me desafiou a escrever para crianças. Eu já tinha dois livros técnicos e ele chegou na minha casa com algumas ilustrações sobre a infância do Luiz Gonzaga me pedindo para escrever o texto. Eu tremi nas bases, mas aceitei o desafio. Depois do texto pronto ele completou as ilustrações e o livro saiu pela Editora Dimensão, de Belo Horizonte. Aí nós não paramos mais...

Escrever um livro é mais inspiração ou transpiração?

É uma questão de decisão. Escrever é decidir escrever e transpirar até conseguir colocar um texto em seu formato final. A inspiração acontece depois da decisão de escrever, durante o processo de escrita.

Você é autora de vários livros e vários gêneros, qual você mais se apega tanto para ler, quanto escrever?
Gosto muito de narrativas históricas, por meio das quais aprendemos alguma coisa, tomamos conhecimento de fatos que não sabíamos. Acho que a literatura, além de dar prazer, ela pode ensinar.
De que forma a Literatura entrou em sua vida?
Gosto de ler desde criança. Sou uma leitora voraz. Leio todos os dias, sem parar. Já li todo o Proust, todo o Machado, Rubem Braga, Drummond... Sou uma leitora eclética. Vou dos clássicos aos Best Sellers. Um dia o Jô Oliveira me desafiou a escrever para crianças e de lá pra cá eu não parei.
A literatura é mal aplicada para a juventude?

O problema é que muitos professores não são leitores, não amam a leitura, e por isso não conseguem estimular os jovens. Muitos dizem assim: “este livro vai cair no vestibular, mas é muito chato...” Quem ama a leitura acaba contaminando os outros. Quando você fala com paixão dos livros que lê acaba por despertar o desejo no outro de passar pela mesma experiência prazerosa.

Há ainda sonhos na literatura que deseja realizar, quais?
Estou tentando escrever um romance para adultos. Quem sabe um dia ele sai?

Poderia nos adiantar mais sobre o romance para adultos que pretende escrever?

Ainda estou muito no começo. Estou achando muito difícil criar todo um mundo apenas com a imaginação. Será um livro de amor, que é a coisa mais importante na vida, é isso que eu posso dizer.

O Brasil tem a fama de não valorizar seus filhos como você vê essa situação?
Penso que isso está mudando. Nossa memória está sendo mais bem cuidada e as escolas estão tentando valorizar o que temos de bom.
Muitos artigos de jornal, revistas e sites indicam que a educação está na UTI, você que é educadora faz essa análise em relação à rede de ensino do nosso país?
Houve uma democratização muito grande do acesso à escola, mas isso não foi acompanhado de uma qualidade do ensino. Acredito que tudo está na preparação contínua dos professores. Escolas que investem em seus professores têm ótimos resultados. Mesmo na era da informática, o professor é essencial.
O planejamento do Ministério da Educação é de até 2016, 50% das universidades seja formada por alunos beneficiados pela cota social, este é o caminho para a construção de um país mais justo e de igualdade de oportunidades?
Sou muito favorável às cotas. Elas garantem oportunidade para todos. Temos uma grande dívida social com a população. Tanto com os negros, como com os indígenas como com os pobres. É preciso corrigir isso com ações afirmativas efetivas, que diminuam as distâncias entre as classes e as etnias.
Muitos reclamam das leis do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) dizendo que elas são ultrapassadas, como você avalia o Eca, a forma que as crianças são tratadas e o tratamento dado no Brasil a menores infratores?
Penso que a infância tem que ser assistida integralmente pelos poderes públicos. Creches, escolas, esporte, atividades artísticas devem estar disponíveis para que todas as crianças tenham chance de uma vida digna. Essa quantidade enorme de menores infratores, envolvidos com as drogas e com o crime organizado, é consequência de escolas precárias, que não cumprem o seu dever social de manter esses jovens interessados e motivados para o estudo e a qualificação profissional.
Você é a favor da diminuição da maioridade penal, por quê?
Antes disso penso que nossas instituições que abrigam jovens infratores têm que ser realmente educativas e não apenas um depósito ou uma escola de criminalidade. Quando isso acontecer, talvez não precisasse diminuir a maioridade penal.
Qual a responsabilidade da escola na formação do cidadão?

Famílias muito pobres não têm condições de oferecer aos seus filhos uma perspectiva positiva de futuro. A escola tem essa tarefa. Ela pode mostrar novos horizontes, motivar a criança para um futuro melhor, ajudá-la na aquisição de habilidades e competências necessárias para atuar no mundo, apresentar a ela opções de vida mais produtivas, valores sociais e de cidadania, ética, esperança. Sabemos que pela escola muitas crianças ultrapassam a realidade dos pais e vão mais longe.

Na edição de Outubro especial de aniversário de 15 anos a revista Bravo da Editora Abril, pediu para especialistas falarem sobre os 15 fatos mais relevantes da cultura brasileira nos últimos 15 anos. Segundo a revista o fato mais relevante de número 1 foi o florescimento da escrita causada com o impacto da tecnologia.

Concorda com isso e por quê?

Concordo sim. As novas tecnologias estão motivando as pessoas a escreverem muito. Quando já se tinha perdido o hábito de escrever cartas, as pessoas agora escrevem e-mails. Escritores que se intimidavam com o contato com editoras agora criam seus blogs e depois lançam seus livros impressos. O Facebook estimulou o contato por escrito entre as pessoas. Hoje se escreve muito mais do que há dez anos.
   
Você sonha com quê?

Com um mundo mais justo, mais cheio de harmonia, sem tantas diferenças sociais, sem tanto sofrimento.

Clarice Lispector já foi jornalista e perguntava ao final da entrevista para o entrevistado o que é o amor, uma vez entrevistei o ator Caio Blat e ele me respondeu: Não sei. Você saberia me explicar o que é o amor? (risos)

Rapidinhas

Melhor livro que já leu: impossível dizer. Mas “Em busca do tempo perdido”, de Proust, poderia servir de resposta.

Melhor político (se é que dá para escolher):

Melhor programa para o fim de semana: um banho de mar, uma barraca, uma rede  e um livro.

Lugar que gostaria de conhecer: você não é ninguém até conhecer as Muralhas da China.

Definindo em uma frase

Deus: energia positiva que está em todos nós.

Religião: pensamentos positivos dirigidos a todos.

Literatura: uma forma de felicidade infinita para o leitor.

Poesia: ressurreição das palavras.

Carlos Drummond de Andrade: tradutor perfeito da alma brasileira.

Jô Oliveira: amizade e estímulo.

Amizade: corações que conversam.

Cultura: tudo que nos traduz.

Brasil: uma potência em expansão.

Carnaval: alegria do povo.

Futebol: paixão nacional.

Deixe seu convite para os nosso leitores lerem seu recente trabalho O Descobrimento do Rio Amazonas.

Venham conhecer a história cheia de aventura da descoberta de nosso rio/mar.

Fim de Semana Literário Sábado

Chá das 5: 5 e 17 horas
No Café da Manhã com Poesia por Magno Oliveira 7 horas da Manhã
Devaneios do Ranzinza por Roberto Prado 10 da Manhã
Poesia de Beto Ribeiro 15 horas
Poesia de David White 19 horas

12 horas e 21 horas espaço dedicado ao leitor envie seu texto para que ele seja publicado.
Nosso contato: folhetimcultural@hotmail.com

Fim de Semana Literário Domingo

Chá das 5 dominical: 5 e 17 horas
No Café da Manhã com Poesia por Magno Oliveira 7 horas da Manhã
Literatura Nossa homenagem a um grande escritor por Dhyne Paiva ás 10 da manhã
Prosa Literária Magno Oliveira entrevista um convidado especial 19 horas.

12 horas e 21 horas horário reservado para a sua participação envie seu texto para que ele seja publicado.

Nosso contato: folhetimcultural@hotmail.com

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