segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Chá das 5 Especial: O VELHO BILL, AS FLORES E EU de Roberto Prado Parte 1

Nesta segunda publicamos a primeira parte do conto O VELHO BILL, AS FLORES E EU de Roberto Prado amanhã e quarta publicaremos a segunda parte e o final respectivamente, então atente se as postagens da faixa das 5. Este é o Chá das 5 especial.
01 - Só para começar, quero deixar bem claro que eu não queria ir ao tal encontro. Alguma coisa me dizia para eu não ir. Não foi só a minha quiromante particular, ou as cartas, as imagens na bola de cristal. Não, era alguma coisa dentro do meu peito que dizia: - Não vá!
Mas no convite estava escrito: BOCA LIVRE.
02 - Cheguei duas horas depois de começado o encontro dos Amigos da Turma de 19..., umas múmias do século passado! O salão estava cheio, aliás, o que eu deveria esperar de um encontro daquele pessoal? E ainda era “Boca Livre”! Eles nunca perderiam essa oportunidade, nunca!
03 – Me “camuflei” no meio da massa e pus-me a procurar o meu velho amigo Bill. Quem é o meu velho amigo Bill? Respondo-vos. O bom velho Willian Grant, o uísque! Só assim para aguentar o porre que seria ver todos aqueles Zé-Manés da minha juventude.
04 – Acho que eu reconheci o Valete do estacionamento... Bem, nesses encontros nós nunca sabemos ou recordamos mesmo quem estamos vendo... Mas acho que o careca gordinho que pegou as chaves do meu carro era o Tomzinho... Naquela época era o Antonio, técnico em contabilidade, malhado de tanto esporte, o “Deus Greco”, sim, Greco, o intelectual de músculos salientes não sabia falar grego... (entendam como quiser isso). Se for mesmo ele, o cara está acabado. E eu, que não praticava nenhum esporte, estou aqui inteirão!
05 – Enfim avisto o garçom. Vou matar as saudades do amigo Bill. Vou atrás do garçom, mas ele segue em frente ou foge de mim! Sigo-o em meio à multidão. Mas quem será aquele sujeito ali no meio...?
06 – Ora, ora, ora, se não é o Alexander Von Brumm, vulgo Scorpion... Ah! A juventude e sua mania de apelidos americanizados. Vou ver de perto se é ele mesmo. Mas no meio do caminho havia um garçom com uma bandeja e sobre a dita bandeja um copo de uísque. Deixo para ver o Scorpion depois, primeiro o prazer, depois o depois...
07 - O miserável desapareceu como por encanto outra vez. Começo a perceber que o garçom é o meu antípoda, está sempre do lado extremamente oposto ao meu. Quando volto a avistá-lo e começo a segui-lo, vejo surgir à minha frente, graças a Deus distraído, o V.V.. Faço meia-volta e sumo de vista. Acho que era isso aquela sensação que me avisava para não vir hoje... 
08 -  Que burburinho enjoado! Mas é bom ficar calado por enquanto, senão vão dizer que estou mais chato que antes... Resolvo procurar o Scorpion. Como ele tem dois metros e quinze de altura, é fácil encontrá-lo. É só procurar um gigante de careca brilhante. Lá esta ele.
09 – Aproximo-me dele carregando uma cadeira de plástico. Detesto festas com cadeiras de plástico... Lá estou eu reclamando outra vez... As pessoas à minha volta pensam que vou arrumar confusão. Elas não me conhecem... Ou será que sim? Como não reconheço noventa e nove por cento dos que estão aqui, é bem capaz que me conheçam... Sigo com a cadeira às costas e a deposito nas costas do Scorpion.
10 – Com as pessoas estupefatas à minha volta, subo na cadeira, e cutuco Scorpion. Silêncio! – O pau vai comer! Quase consigo ouvir o pensamento das pessoas ao lado. Scorpion vira,  num misto de espanto e surpresa. Ao me ver me dá um abraço e grita: - Beto!
Continua...
Por Roberto Prado
O Velho Bill, as Flores e eu é um conto de Roberto Prado, escritor já publicou dois livros pela CBJE, tem seu blog ETC e Basta e é colunista do Folhetim Cultural.

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