segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O Poeta Entrevista Magno Oliveira entrevista Roberto Prado


Entrevista concedida há um ano atrás, publicada no Jornal Mídia Ambiental, e no Folhetim Cultural em janeiro e março deste ano.
O Poeta Entrevista Roberto Prado Barbosa Junior, ou simplesmente como é conhecido pelos blogueiros Ranzinza, tráz uma pequena mostra de seu belo trabalho como escritor. Roberto Prado, já publicou dois livros pela CBJE, têm 49 anos, mora na bela cidade de São Vicente, é funcionário público, trabalha na cidade de Santos, é formado em Comunicação e Tecnologia. 

Magno Oliveira: Você, começou a escrever por um amor?

Roberto Prado: Não, por puro cinismo mesmo. Dizem que nasci com dois fígados.

Magno Oliveira: O que você pensa sobre o amor?

Roberto Prado: Não penso, faço! Falando sério, hoje não há mais amor, há relacionamento com data de validade.

Magno Oliveira: E depois de dois casamentos, de ser pai, e de ter se tornado avô, o que isso mudou tanto no Roberto como pessoa e como escritor?

Roberto Prado: Mudar não mudou, mas piorou muito. Costumo dizer que nasci mesmo foi para ser tio. Não interpretei bem esse papel de pai e muito menos o de avô. Lá se vão meus últimos leitores...

Magno Oliveira: E como filho, como você se saiu?

Roberto Prado: Nada melhor, acho que nasci um pária mesmo.

Magno Oliveira: Hoje você é um fazedor de cultura, escreve muito bem. Os seus pais têm participação nisso?

Roberto Prado: Eles sempre leram muito na minha frente, mas meu agradecimento vai para a minha avó materna, ela me alfabetizou lendo o pato Donald. Entrei no primário sabendo ler e escrever graças à ela.

Magno Oliveira: Como você vê a relação entre pai e filho que existe hoje?

Roberto Prado: Hoje? Nenhuma, o pai e mãe geram o monstro, e a sociedade que se vire para transformá-lo num ser humano produtivo... Cães e gatos fazem melhor com suas crias.

Magno Oliveira: Como você definiria a sua vida, pessoal e profissional?

Roberto Prado: É melhor você me perguntar qual é o sentido da vida.

Magno Oliveira: E qual é o sentido da vida?

Roberto Prado: 42.

Magno Oliveira: Vamos falar mais do Roberto profissional. Você se considera poeta, cronista, escritor?

Roberto Prado: Um cronista.

Magno Oliveira: Você se lembra quando foi a primeira obra que você escreveu e se lembra como se chama?

Roberto Prado: Uns livros de poesias feitos em mimeógrafos quando tinha lá meus dezessete anos.

Magno Oliveira: Você considera dom escrever?

Roberto Prado: Dom? Não! Teimosia.

Magno Oliveira: Quando você percebeu que poderia criar textos, onde você poderia expressar sentimentos?

Roberto Prado: Não sei te responder isso. Desde que me lembro sempre escrevi alguma coisa.

Magno Oliveira: Existem trabalhos que você ainda não publicou, mas que deseja torná-los público?

Roberto Prado: Sim.

Magno Oliveira: Quais são estes trabalhos poderia revelá los?

Roberto Prado: Outros contos cada vez mais sem nexo, crônicas amargas e alguma poesia que não deveria estar ali.

Magno Oliveira: Você tem projetos profissionais, se sim, quais são?

Roberto Prado: Profissionais? Sim, me aposentar dessa repartição!

Magno Oliveira: Existem projetos que ficaram para trás, se sim, nos conte quais foram, o que impediu você de levá-los a diante?

Roberto Prado: Quando jovem fiz teatro amador. Gostaria de revisitar isso algum dia.

Magno Oliveira: Fale sobre o seu primeiro livro. Qual o título, qual seu assunto, o que você quis passar com a publicação dele?

Roberto Prado: Gringa e Outras Histórias, hoje renegado. Foi feito com muito açodamento, e por causa disso muitos erros.

Magno Oliveira: Fale sobre o seu segundo. Qual o título, qual seu assunto, o que você quis passar com a publicação dele?

Roberto Prado: Simplesmente contos, feito como deveria ser feito. Pena a quantidade e o problema de distribuição. Mas ainda há de sair o terceiro.

Magno Oliveira: Este 3º livro, como seria a ideia dele?

Roberto Prado: Mais do mesmo.

Magno Oliveira: Agora conte para nós Roberto um pouco dos seus trabalhos publicados, a experiência adquirida com as publicações de seus livros?

Roberto Prado: Experiências? As piores. Sabe que o escritor (o desconhecido, iniciante) só recebe (quando recebe) 10% do valor capa de seu trabalho intelectual?? Desanimador. Publiquei (às próprias custas) dois livros pela CBJE. Minha alegria quando abri a caixa foi indizível, mas depois veio a realidade. Como distribuir (leia: Vender)? Vender aos amigos? À família? Dá-los?

Magno Oliveira: Para quem se interessou pelo seu trabalho como pode conhecer mais ele?

Roberto Prado: Pelo Blog, que está de cara nova e materiais antigos e alguns novos.

Magno Oliveira: Qual o endereço do blog?


Magno Oliveira: Como surgiu o blog, foi uma necessidade para demonstrar o seu trabalho?

Roberto Prado: Quem produz qualquer tipo de arte, tem a necessidade de mostrá-los, expô-los. Quando comecei a escrever aos (com máquina de escrever emprestada, pois não tinha uma e nem dinheiro para comprar) 17 anos, eu publicava meus textos em mimeógrafos (conhece essa antiguidade?) e distribuía pelos bares..., muitas vezes a pessoa queria comprar então eu dava de graça, só pelo prazer de ser lido.

Magno Oliveira: Qual a sua visão sobre o tratamento que é dado para os escritores e para os blogueiros culturais?

Roberto Prado: Que tratamento? risos. Hoje já há programas com participação de blogueiro, como por exemplo, o Login da Cultura, mas que não quer dizer que tudo o que aparece sobre essa raça (nós os blogueiros) sejam bons.

Magno Oliveira: Existe preconceito quando se fala de poesia com os outros, se ele existe como você enxerga esta situação?

Roberto Prado: Não entendo como preconceito, diria que é, ou ignorância, ou preguiça de ler mesmo.

Magno Oliveira: Você tem um leque imenso de obras, que abordam vários temas do dia-a-dia inclusive a política. O que você pensa sobre os políticos brasileiros?

Roberto Prado: Omitindo os palavrões? Sem palavras!

Magno Oliveira: E que futuro você vê para nós?

Roberto Prado: Negro cara, muito negro. As pessoas assumiram seu papel de gado, e são tangidos ao abatedouro sem mugir... Já tive pena, já quis fazer algo a respeito, mas hoje, não sinto nem pena. Eles têm o que querem, então que se regozijem.

Magno Oliveira: O que você pensa em relação ao poder público quando se fala em:

Segurança

Roberto Prado: Piada. Pois eles têm seguranças particulares.

Educação

Roberto Prado: Piada. Seus filhos estão em escolas particulares.

Cultura

Roberto Prado: A única cultura que eles entendem é a cultura massificante, futebol+carnaval+pagode+axé. Quanto mais estupidificante e alienadora melhor. Nada que acrescente alguma coisa, que faça o sujeito pensar, refletir. Mesmo a TV Cultura, quando apresenta algum programa relevante é ás altas horas da noite (entenda madrugada) quando o sujeito interessado já está morto na cama, pois tem acordar (muito) cedo no dia seguinte para trabalhar.

Lazer

Roberto Prado: Minhas galinhas na chácara em Itanhaém, ler, conversar com minha meia-dúzia de amigos, ouvir música, fumar em paz, e quando nenhum guardador de carros aparece na minha frente, ir à praia. Embora more bem perto mesmo dela, hà mais de cinco anos não sei o que ir nadar lá.

Desigualdade Social

Roberto Prado: Enquanto o povinho achar que futebol, pagode, carnaval e BBB é imprescindíveis, eles continuarão gramando. Não espero uma revolução social vinde cima para baixo, e já não em mais nenhuma ilusão de uma ao contrário.

Magno Oliveira: Você já publicou dois livros, como fazedor de cultura que ações na sua concepção podem alavancar as produções culturais e que ações podem fazer com que a cultura tenha seu espaço de uma forma mais consistente na vida da população?

Roberto Prado: Cultura... O que é a cultura hoje? BBB? Novelas? Livros de Paulo Coelho? Não existe mais a cultura. Hoje é só mercadoria descartável, é o que está na moda, é o que um imbecil do BBB declara, que uma loira-tingida diz, o que um jogador de futebol fala... Uma pena. Hoje não há movimentos culturais que levem o Gado a pensar em vez de ficar ruminando o que engole da TV.
Hoje o que se chama de cultura popular é o Hip-hop, é o Rap, é o Funk. Pelo amor de Deus, o que é isso? Onde está o sujeito que carregava um violão e cantava uma música com sentido, sentimento, com nexo, com amor? Hoje é ratá-tá-tá... Depois me chamam de Ranzinza. Quando jovem, junto com o meu amigo e vítima de minhas memórias, o Vadinho, fazíamos Teatro Amador, nosso grupo era provocativo, mas não apelativo. Convidávamos a platéia a pensar. Não tínhamos ninguém bonito, malhado ou gostosa no palco para chamar a atenção, era só inteligência e provocação. Hoje quando alguém vai ao teatro é para ver fulano ou beltrano da Globo.

Magno Oliveira: Na década de 80 acreditavam que a revolução política poderia mudar o futuro da nação, passado cerca de duas décadas isso não aconteceu pelo menos da forma que se esperava, o que você pensa sobre uma revolução educacional?

Roberto Prado: Educacional? A molecada está chegando ao Ensino Fundamental II sem saber ler ou escrever, e quem domina algum rudimento disso, torna-se um Analfabeto Funcional.

Magno Oliveira: Você já tem bastante tempo de estrada, para jovens escritores, poetas, poetizas que estão começando qual é a mensagem que você deixa a eles?

Roberto Prado: Leiam, escrevam, leiam, e escrevam e não se preocupem com a falta de leitores. Afinal que são eles que perdem. Vou te contar uma coisa – usando os parâmetros das pessoas com quem convivo – prefiro mesmo que não me leiam.

Magno Oliveira: Rapidinhas agora: O que você prefere cinema, teatro, tevê ou rádio?

Roberto Prado: Difícil hein? Fiz a Faculdade pensando em me especializar em fotografia, mas acabei me encantando pelo rádio. Embora não tenha paciência para ouvi-lo por mais de poucas horas..., afinal acerto as horas pelos pagodes-axés e outros venenos auditivos que passam de hora em hora.

Magno Oliveira: Para conversar: política, esporte, economia, ou outro assunto? Qual?

Roberto Prado: Literatura e (não ria) Culinária.


Magno Oliveira: Você disse que gosta de falar de culinária, qual seu prato preferido?

Roberto Prado: Minha moqueca de peixe, meus acarajés.

Magno Oliveira: Você gosta de conhecer novas culturas, se sim, qual o chamou mais a atenção, qual a mais bizarra, e qual é a mais deslumbrante, se não por quê?

Roberto Prado: Bizarra? Diria a cultura latino-americana de sempre precisar de um “salvador da Pátria”, de um herói para ser sacrificado... Deslumbrante, a espanhola. Pela cultura geral, pelo povo, pela comida...

Magno Oliveira: Como você era?

Roberto Prado: Era melhor que hoje!

Magno Oliveira: E como você está hoje?

Roberto Prado: Azedo, como de costume.

Magno Oliveira: O que você pensa sobre o seu passado, futuro e presente?

Roberto Prado: Passado: Hoje o vejo com certo carinho; Presente? Te respondo em alguns anos...; Futuro? Haverá algum?

Um comentário:

  1. Roberto Prado:
    Para mim Um dos melhores dos melhores do mundo!

    Sou Fã!

    Bjosss

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