quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Mestra da Cultura afirma ter visto Caipora na infância



Figuras lendárias do folclore brasileiro povoam a memória oral de mestres da cultura, como Zulene Galdino
Na Semana do Folclore, uma história interessante: a mestra da cultura, Zulene Galdino, garante que já conviveu com a Caipora quando era criança. Ela conta que, aos 7 anos de idade, costumava passar o dia no mato, comendo frutos silvestres e matando a sede num olho d´água, localizado no sopé da Serra do Araripe. “Foi lá onde encontrei, pela primeira vez, uma caipora”, afirma a mestra.
Ela descreve a Caipora como uma menina dos cabelos lisos e pretos. “A princípio, eu pensei que ela era criança igual a mim. Foi minha mãe que advertiu que era uma ´caboca´ do mato”, relembra. Mesmo diante da advertência da mãe de que a caboclinha poderia pegá-la, Zulene diz que continuou se encontrando com a Caipora, figura lendária do folclore brasileiro.
“Sempre que podia, levava fumo de rolo para ela porque a caipora gosta muito de fumar”, conta Zulene. Segundo ela, no dia em que não a presenteava como fumo, ela passava a noite assoviando na redondeza de sua casa.
A mestra relembra que os moradores da casa ouviam o assovio, mas somente ela conseguia ver a Caipora. Ela explica que sua afinidade com a figura é porque ela é descendente de índio. “Meus pais diziam que meus avós foram pegos a dente de cachorro no meio da mata”, diz Zulene.
Ainda hoje ela mantém hábitos de sua tradição indígena. Não toma remédios alopáticos, os chamados quimioterápicos. No quintal de sua casa, no bairro Novo Horizonte, ela cultiva plantas medicinais com as quais trata as pessoas que a procuram. Isto porque também é rezadeira. Durante a entrevista, ela disse que vai tentar um novo “contato” com a caipora para justificar o motivo pelo qual resolveu tornar pública a história. “Esse contato eu faço pessoalmente, ou pelo pensamento, nas minhas orações. Ela vai me compreender”, acredita.
Modos de conhecimento


Sobre A psicóloga Jordanna Lacerda explica que “há muitos modos de se conhecer o mundo, que dependem da formação de cada um. Ao olhar as estrelas no céu noturno, um índio as enxerga a partir de um ponto de vista bastante diferente do de um astrônomo”, explica ela.

Na sua avaliação, um caiapó vê nas estrelas as fogueiras que alguns de seus deuses acendem no céu para tornar a noite mais clara. O cientista vê astros que têm luz própria e que formam uma galáxia. O índio compreende e conhece as estrelas a partir de um ponto de vista mitológico ou religioso. O astrônomo as compreende e conhece a partir de um ponto de vista científico.
A psicóloga lembra que Zulene Galdino é descendente de índios, nasceu e se criou no mato, ouvindo histórias de mitos, contatadas por seus pais, conforme ela própria diz. A Caipora faz parte do seu imaginário.
É dentro dessa concepção, conforme Jordana, que a mestra testemunha o contato com a caipora, que ainda hoje faz parte do imaginário de grande parte da população que mora na zona rural. O mito, segundo Jordanna, proporciona um conhecimento que explica o mundo a partir da ação de entidades – ou seja, forças, energias, criaturas, personagens – que estão além do mundo natural, que o transcendem, que são sobrenaturais.
Rezadeira e mestra da cultura, Zulene faz parte deste mundo misterioso que ainda não foi desvendado. A psicóloga lembra que o Cariri é um local místico, berço de lendas, crendices e superstições que contam a história da região. Ela diz que os mitos serviam como uma forma de conhecer o mundo e alertar as pessoas sobre perigos ou defeitos e qualidades do ser humano. “Como os povos da antiguidade não conseguiam explicar os fenômenos da natureza, através de explicações científicas, criavam mitos com este objetivo: dar sentido às coisas do mundo”, complementa Jordanna.
Fonte: Brasil Cultura
Postagem: Magno Oliveira

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